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VOCÊ TEM UM SONHO? Porque eu tenho!


Projeto de videopoesias de Luz X e Tauany Cavalcante.

"Nossa escrita é a tradução de sentimentos e vivências, a nossa escrita não segue uma linha, muito menos a norma culta, é uma escrita fluida, orgânica, melhor dizendo marginal."




 

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  Grãos da vida Na choupana havia dois cômodos: um deles era um minúsculo quarto onde a velha cama estava coberta com o surrado cobertor colorido e, na única janela feita com tábuas rústicas, uma tramela fazia a segurança por trás da cortina transparente pelo excesso de uso.  Apoiada em uma prateleira que ficava em frente à cama a pequena imagem da Santa Negra vigiava o ambiente e, uma luz amarela escolheu um dos tantos buracos na velha parede de madeira, para invadir o cômodo, clareando sua intimidade. No outro cômodo, a cozinha, pendurado num canto, um pequeno caixote guardava as poucas panelas que assistiam ao movimento da anciã: uma caçarola de ferro, uma panela de barro com a tampa trincada e uma pequena tigela em madeira escurecida. A chaleira de ferro fumegava sobre o rústico fogão à lenha enquanto o cheiro do café exalava no silêncio do ambiente que só era quebrado pelo canto do galo garnisé anunciando o nascer do dia enquanto ela, sem pressa, escolhia os feijões.  Suas mãos er
           Cozinha: cenário onde um sonho tornou-se realidade Aperto o passo, ando rápido para não me atrasar, principalmente hoje, que é um dia muito especial para mim. O coração acelerado, uma mistura de ansiedade e insegurança rondam meus pensamentos mas vou em frente, não cheguei até aqui para desistir. - Bom dia, dona Elenice! - Bom dia, Jane! - O que aconteceu? Por que chegasse tão cedo? - Hoje eu tenho aquele compromisso online, pela manhã. - Lembra que lhe perguntei ontem, se não teria problema eu parar o serviço para atender o meu compromisso? - É verdade, tinha até me esquecido. Tranquilo, sem problema. - Não se preocupe dona Elenice, pois vou deixar o almoço pronto e o restante dos afazeres adiantados. Começo mais um dia de trabalho. Com a agilidade costumeira, capricho e atenção de sempre, realizo minhas tarefas rapidamente. Serviço adiantado e almoço pronto. O cheiro da carne assada com batatas, receita ensinada pela minha mãe, espalhav

Ergue a voz, Preta!

Meu corpo feminino, negro político É uma tese de força, sem entrelinhas. Sem escolhas não posso me calar para a ação. Não carrego amarras, dor ou lamentação. Apenas um corpo feminino negro nas águas de um oceano, tentando viver. Não exijo atenção, espelhos ou aplausos. Não quero silêncio. Porque a palavra que ergo sempre gritará. A minha palavra comunica, e ainda denuncia uma memória branca e colonial. A minha palavra me ergue, politiza e alivia as tragédias De uma experiência de domínio, negação e de ser. O meu corpo feminino negro, diariamente, sangra. Para alguns um corpo inerte, sem vida e pronto para morrer. Para outros um corpo aprisionado, sem direitos, sem liberdade e sem chances de dizer. Para corpos negros a oralidade nos disse e muito ensinou. Com palavras eu apenas Reafirmo, o poder da minha ancestralidade. Reafirmo, o poder de minha crítica que movimenta a vida. Eu falo do axé que afronta os temidos Do meu corpo feminino, negro político pulsante e a