Memórias D’Água A televisão entrou na nossa família quando eu ainda não havia completado doze anos e, naquele tempo, ter uma TV em casa era coisa de gente rica ou, ainda, de “negra metida.” O interessante é que o povo se recusava a completar a frase - negra metida a quê? - em um universo onde a palavra negra era totalmente subalternizada e pejorativa, quase um crime. Negra metida a ser gente branca, a fazer coisa de gente branca, a vestir roupa que gente branca vestia, a comer a mesma comida que gente branca comia. Negra metida a ter filha cursando o ginásio, no Instituto de Educação Flores da Cunha, através de seleção e, agora, o cúmulo, negra metida a ter na casa pobre, uma TV Colorado RQ! “Isto é muito caro”, “não vai conseguir pagar as prestações”, “o dono da loja vai tomar de volta a TV”, “que loucura”! Mas ela estava lá, a telinha em preto e branco, no lugar nobre da sala simples, sobre um bal...

Somos as escritoras de nossas próprias histórias, não se trata de " nos dar a voz", mas ouvir aquelas que já gritam há muito tempo. ENVIEM textos, contos, poesias, escritos intimistas, narrativas e outras formas de arte, aquele que faz você erguer. CONSTRUA ESSE MOMENTO COM A GENTE. Vamos ter o prazer de publicar nesse espaço as VOZES DE MULHERES PRETAS. ENVIE PARA NOSSO E-MAIL : neabi.furg@gmail.com