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VIVA, PRETA!

 

As ondas do mar iam e vinham e lá atrás estava a cidade iluminada,

 dos meus olhos desciam lágrimas, lágrimas de um cansaço, da constante insegurança que me cerca por todos os lados.

É uma noite bonita em uma cidade bonita que abriga milhares de corações como o meu, desesperados.

A Jesus defensor dos pobres e oprimidos faço meu desabafo:

  Me dê forças para eu continuar para não parar, não desistir do caminho que foi tão árduo para até aqui chegar.

Aqui, aqui eu gosto de lembrar dos que lutaram antes de mim e por mim, por mim e por eles e pelos quais e pelos que viram serei eu persistente, resistente.

Eu sou a menina a menina de cor

A que eles diziam que não chegaria a lugar nenhum

Mas meu bem, eu sair da cozinha e vim recitar!

Eu me levanto para também levantar!

O conhecimento é a bomba que desejo que explodir!!!

Por mim, para os meus.

Choro olhando uma cidade construída, divida, enriquecida e miserável

Choro vendo um país que parece cada dia mais se afundar no mar dos seus opressores.

Choro, choro e choro! Mas, limpo minhas lágrimas por cada mulher que é violentada, por cada criança que violada, por cada irmão e irmã que é escravizado.

A minha tristeza é combustível, o meu choro regar os meus pés,

as amordaçam não me calam, as correntes não fazem a minha alma preta prisioneira.

Eu sou guerreira!

Mulher preta, uma das centenas de Dandara que temos por aqui.

Que não vou desistir, que não vão se entregar.

 Viva a mulher preta, Viva eu, Viva você.

Viva o nosso povo!

Não ao genocídio.

Eles acharam muita forma de nos matar, nós estamos dando as mãos para continuar a sobreviver.

Viva, vida.


Fernanda Araújo

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12 de Junho

"G abrieli Gonçalves Assusção Andrade (Gabi). Natural de Atibaia, interior de São Paulo, 25 anos. Formanda do curso de bacharelado em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG)." "Parafraseando a artista Vita da Silva "travestis não são geradas em nove meses" e respondendo a a obra "Se a arte fosse travesti"  da também artista, Rosa Luz, a arte de ser travesti é uma síntese da minha construção enquanto uma artista travesti, preta, e pobre, refletida nas minhas produções artísticas dos  últimos 6 anos. Sendo uma travesti atravessada  por varias opressões só me resta transforma  minhas narrativas e vivências  em arte, afim de de problematiza, a sociedade, racista, machista, LGBTfóbica, misógena  e classicista." Vídeo: 12 de junho Série: Marolla Gabi @artistagabi

Ergue a voz, Preta!

Meu corpo feminino, negro político É uma tese de força, sem entrelinhas. Sem escolhas não posso me calar para a ação. Não carrego amarras, dor ou lamentação. Apenas um corpo feminino negro nas águas de um oceano, tentando viver. Não exijo atenção, espelhos ou aplausos. Não quero silêncio. Porque a palavra que ergo sempre gritará. A minha palavra comunica, e ainda denuncia uma memória branca e colonial. A minha palavra me ergue, politiza e alivia as tragédias De uma experiência de domínio, negação e de ser. O meu corpo feminino negro, diariamente, sangra. Para alguns um corpo inerte, sem vida e pronto para morrer. Para outros um corpo aprisionado, sem direitos, sem liberdade e sem chances de dizer. Para corpos negros a oralidade nos disse e muito ensinou. Com palavras eu apenas Reafirmo, o poder da minha ancestralidade. Reafirmo, o poder de minha crítica que movimenta a vida. Eu falo do axé que afronta os temidos Do meu corpo feminino, negro político pulsante e a...