As ondas do mar iam e vinham e lá atrás estava a cidade
iluminada,
dos meus olhos
desciam lágrimas, lágrimas de um cansaço, da constante insegurança que me cerca
por todos os lados.
É uma noite bonita em uma cidade bonita que abriga milhares de
corações como o meu, desesperados.
A Jesus defensor dos pobres e oprimidos faço meu desabafo:
Me dê forças para eu
continuar para não parar, não desistir do caminho que foi tão árduo para até
aqui chegar.
Aqui, aqui eu gosto de lembrar dos que lutaram antes de mim
e por mim, por mim e por eles e pelos quais e pelos que viram serei eu
persistente, resistente.
Eu sou a menina a menina de cor
A que eles diziam que não chegaria a lugar nenhum
Mas meu bem, eu sair da cozinha e vim recitar!
Eu me levanto para também levantar!
O conhecimento é a bomba que desejo que explodir!!!
Por mim, para os meus.
Choro olhando uma cidade construída, divida, enriquecida e miserável
Choro vendo um país que parece cada dia mais se afundar no
mar dos seus opressores.
Choro, choro e choro! Mas, limpo minhas lágrimas por cada
mulher que é violentada, por cada criança que violada, por cada irmão e irmã
que é escravizado.
A minha tristeza é combustível, o meu choro regar os meus
pés,
as amordaçam não me calam, as correntes não fazem a minha
alma preta prisioneira.
Eu sou guerreira!
Mulher preta, uma das centenas de Dandara que temos por aqui.
Que não vou desistir, que não vão se entregar.
Viva a mulher preta, Viva
eu, Viva você.
Viva o nosso povo!
Não ao genocídio.
Eles acharam muita forma de nos matar, nós estamos dando as
mãos para continuar a sobreviver.
Viva, vida.
Fernanda Araújo