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Ergue a voz, Preta!


Meu corpo feminino, negro político

É uma tese de força, sem entrelinhas.

Sem escolhas

não posso me calar para a ação.

Não carrego amarras, dor ou lamentação.

Apenas um corpo feminino negro

nas águas de um oceano, tentando viver.

Não exijo atenção, espelhos ou aplausos.

Não quero silêncio.

Porque a palavra que ergo sempre gritará.

A minha palavra comunica, e ainda denuncia

uma memória branca e colonial.

A minha palavra me ergue, politiza e alivia as tragédias

De uma experiência de domínio, negação e de ser.

O meu corpo feminino negro, diariamente, sangra.

Para alguns um corpo inerte, sem vida e pronto para morrer.

Para outros um corpo aprisionado, sem direitos, sem liberdade e sem chances de dizer.

Para corpos negros a oralidade nos disse e muito ensinou.

Com palavras eu apenas

Reafirmo, o poder da minha ancestralidade.

Reafirmo, o poder de minha crítica que movimenta a vida.

Eu falo do axé que afronta os temidos

Do meu corpo feminino, negro político

pulsante e aguerrido

que torna o descarte em arte.

Porque a minha palavra deseja ser como os sons dos atabaques

a produzir dança e vida

nos territórios que não nos deixam viver.

             
                                                                           Hélen Rejane Silva Maciel Diogo

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12 de Junho

"G abrieli Gonçalves Assusção Andrade (Gabi). Natural de Atibaia, interior de São Paulo, 25 anos. Formanda do curso de bacharelado em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG)." "Parafraseando a artista Vita da Silva "travestis não são geradas em nove meses" e respondendo a a obra "Se a arte fosse travesti"  da também artista, Rosa Luz, a arte de ser travesti é uma síntese da minha construção enquanto uma artista travesti, preta, e pobre, refletida nas minhas produções artísticas dos  últimos 6 anos. Sendo uma travesti atravessada  por varias opressões só me resta transforma  minhas narrativas e vivências  em arte, afim de de problematiza, a sociedade, racista, machista, LGBTfóbica, misógena  e classicista." Vídeo: 12 de junho Série: Marolla Gabi @artistagabi

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"G abrieli Gonçalves Assunção Andrade (Gabi). Natural de Atibaia, interior de São Paulo, 25 anos. Formanda do curso de bacharelado em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG)." "Parafraseando a artista Vita da Silva "travestis não são geradas em nove meses" e respondendo a a obra "Se a arte fosse travesti"  da também artista, Rosa Luz, a arte de ser travesti é uma síntese da minha construção enquanto uma artista travesti, preta, e pobre, refletida nas minhas produções artísticas dos  últimos 6 anos. Sendo uma travesti atravessada  por varias opressões só me resta transforma  minhas narrativas e vivências  em arte, afim de de problematiza, a sociedade, racista, machista, LGBTfóbica, misógina  e classicista." Série: Medusas Gabi @artistagabi