Assim estavam naturalmente pintados os fios de cabelo na sua cabeça sexagenária enquanto preparava o café naquela tarde fria. A pequena mesa oval estava coberta por uma toalha branca e sobre ela as duas xícaras colorex, em tom pálido, aguardavam pelo líquido quente e perfumado. Para acompanhar o café, alguns sonhos fritavam no óleo bem quente e viravam-se sozinhos para dourarem por igual. No prato ao lado, uma boa porção de açúcar, canela em pó e chocolate aguardava para entrar em ação e envolver os sonhos cada um no seu tempo, talvez imaginando seus momentos: o café, os sonhos e a mistura açucarada. Conversávamos a respeito de muitas coisas e, também, sobre os nossos sonhos e lembro, ainda, que os seus joelhos eram negros num tom muito diferente da pele do seu corpo: marcas de uma vida toda subjugada, desde menina, trabalhando como doméstica e ajoelhada limpando o chão de muitas casas por onde passou. Costumava comprar produtos manipulados nas farmácias com o intuito de melh...

Somos as escritoras de nossas próprias histórias, não se trata de " nos dar a voz", mas ouvir aquelas que já gritam há muito tempo. ENVIEM textos, contos, poesias, escritos intimistas, narrativas e outras formas de arte, aquele que faz você erguer. CONSTRUA ESSE MOMENTO COM A GENTE. Vamos ter o prazer de publicar nesse espaço as VOZES DE MULHERES PRETAS. ENVIE PARA NOSSO E-MAIL : neabi.furg@gmail.com